Qual o prazer do montanhismo?
Qual a graça de caminhar 15 quilômetros por dia enfrentando subidas, pedras, frio, calor e se arriscando o tempo todo a quedas e entorses?
Confesso que no briefing de apresentação essas perguntas não me saíam da cabeça.
Estava eu com mais 12 desconhecidos, até então, dispostos a atravessar a fronteira de um país em situação bastante delicada e subir o Monte Roraima. Pessoas comuns, assim como eu, que se dispuseram a passar 07 dias andando como loucas, no sol, na chuva, dormindo em barracas, acordando cedo e privadas de todo tipo de comunicação.
Mas por que? Que respostas buscam? Que respostas eu busco? É duro. Dói. Cansa. Maltrata. É preciso pernas fortes, braços fortes. Mas vale cada pisada, cada passo em falso, cada bota atolada, cada respiração ofegante, cada constelação no céu, cada paisagem alterada nos quilômetros caminhados.
É preciso fôlego ao chegar ao topo, pois precisarás dele com o choro que vais escapar. A maneira que a montanha encontra para preparar o visitante, eliminar vaidades e necessidades tolas. Como somos frágeis diante do eterno!!
A descida ao topo não é menos penosa. Mas não havia chuva, nem frio, nem mais a ansiedade em subir. Eu estava em paz. Olhei o paredão pela última vez e agradeci a montanha. Acho que obtive a minha resposta… A vida precisa de alguns momentos de aventura. De algo que nos faça perder o equilíbrio, apenas para que possamos nos reequilibrar novamente.
É provável que ao longo deste ano, no conforto de casa, eu relembre muitas vezes desses momentos de aventura.
Agradeço aos bravos carregadores que sobem e descem de Crocs enquanto eu estava toda equipada com minha bota milionária.
Agradeço aos meus guias que em vários momentos foram extensão de minhas pernas e braços.
Agradeço aos 12 desconhecidos que se tornaram meus colegas de caminhada, de vida, de bagunça, de fofoca e de dor por sete dias.
Talvez o grupo nunca mais se reencontre na formação original de Roraima, mas naquela semana como valeu a pena!!

Agradeço a esse grande Tepui!!! Para encerrar um trecho que li e achei perfeito para tudo que vivemos: “Nossos olhos viram maravilhas sem igual e nossos espíritos se purificam pelas provações.

Sem dúvida somos outros homens, transformados pela experiência que acabamos de viver.”

 

Nossa resposta a um feedback tão sensível e poético:
Oi Janaina, tudo certinho?!
Nossa, lemos seu relato hoje que enviou pelo feedback da viagem.
Que mensagem maravilhosa, que texto lindo, que expressão sensível, que bonito ver tantas pérolas colhidas na alma durante os dias da sua viagem.
A felicidade que dá é saber que a riqueza maior vc acolheu no coração, que conseguiu perceber e sentir as riquezas que essa montanha traz para nossas vidas.
Parabéns por tanta sensibilidade!
Desejamos que as energias do tepuy continuem irrigando a sua alma de luz e boas vibrações, e que durante muito tempo vc ainda permaneça com elas em sua essência.
Gratidão da nossa parte (de todos, sem deixar ninguém de fora) por ter nos dado essa oportunidade de proporcionar tudo isso a vc.
Um abraço sincero!

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