Observações
Rio Branco em Boa Vista
Uma excelente maneira de começar uma viagem a Roraima é com uma passarinhada nas margens do Rio Branco e Cauamé. A capital do Estado Boa Vista fica na margem direita desse rio de “água branca” (pela quantidade de sedimento carreado) que flui rapidamente. Como uma sugestão de passarinhada vamos visitar uma área de mata de galeria, onde será possível explorar algumas áreas de transição entre a margem do rio e as savanas, além, de bosques e capoeiras de mata. Nestes locais já começamos com alguns dos bichos interessantes da região, como o pica-pau-anão-de-pescoço-branco (Picumnus spilogaster) Gaturamo-capim (Euphonia finschi), Chororó-do-rio-branco (Cercomacra carbonária), além de garças, papagaios e periquitos e outros pequenos formigueiros. A vida nesse tipo de ambiente pode ser muito rica e divertir muito o observador de aves, periquito-de-bochecha-parda (Eupsittula pertinax) passam em bandos enquanto passarinhamos choca-de-crista-preta (Sakesphorus canadenses), balança-rabo-de-chapéu-preto (Polioptila plúmbea), saíra-de-chapéu-preto (Nemosia pileata) são algumas das aves sempre presentes.
Partindo dali temos o Parque Anauá, local onde podemos ter chances de visualizar garrincha-dos-lhanos (Campylorhynchus griséus) juntamente com sabiá-da-praia (Mimus gilvus), joão-pinto-amarelo (Icterus nigrogularis) e sabia-do-barranco (Turdus leucomelas), mariquita-amarela e com um pouco mais de insistência conseguimos ali visualizar o arapaçu-listrado (Lepidocolaptes souleyetii).
Serra Grande
Pássaros chave: uru-do-campo, formigueiro-de-barriga-branca, caboclinho-lindo, gralha-da-guiana, caga-sebinho-de-penacho, arapaçu-de-listras-brancas
Serra Grande é uma cadeia de colinas isoladas visíveis de Boa Vista ao longo da margem esquerda do Rio Branco. A área é bem conhecida entre os caminhantes locais, pois há algumas trilhas e o trekking no local é uma opção turistas tradicionais, assim como uma boa opção para a observação de pássaros nas estradas que dão aceso ao local, a maioria são de terra e tranquila, pois há pouco movimento. O local está localizado a apenas 1h30m de Boa Vista, e se a estrada não estivesse cheia de buracos, provavelmente levaria apenas uma hora ou menos. O habitat aqui é de floresta secundária, em boa parte, não alterada, ao longo da estrada, e há muito pouco tráfego bom para observação e excelente para gravadores de som. No local é possível observar gralha-da-guiana, formigueiro-de-barriga-branca, papagaios, arapaçus, entre outros bichos.
Lavrados de Roraima
Pássaros chave: uru-do-campo, téu-téu-da-savana, Pedro-celouro, marreca-de-asa-azul, maçariquinho, lavadeira-do-norte, joão-de-barba-grisalha
As savanas ao norte e entorno de Boa Vista fornecem habitat para uma série de espécies não vistas facilmente em outros lugares no Brasil, conhecidas localmente como “lavrados”, possuem vários lagos que são inundados sazonalmente, além de bosques e “capoeiras” e buritizais (Mauritia flexuosa) onde pode ser encontrado os limpa-folha-do-buriti quando a água nesse ambiente está baixando.
Nestas margens conseguimos avistar lavadeira-do-norte, curutié, freirinha, alguns irerês, pato-do-mato, garças, garça-moura, patativas, grandes bandos de canário-da-terra, e caboclinho-lindo. Ainda no entorno de Boa Vista podemos encontrar o pedro-celouro e teu-teu-da-savana.
Embora algumas áreas ao longo aqui estão sendo convertidos para agricultura vale a pena uma passarinhada de carro ao longo da estrada sempre que possível, observando as aves do local e em atenção as aves de rapina da região. E quem sabe ver o nosso gigante tamanduá-bandeira.
Além disso as margens do rio Uraricoera quando o rio está baixo é o local ideal para encontrar o joão-de-barba-grisalha.
Caracaraí e Parque Nacional do Viruá
Pássaros chave: formigueiro-de-yapacana, choquinha-de-peito-riscado, guaracava-de-topete-vermelho, cantador-da-guiana, formigueiro-de-hellmayr, papa-capim-de-coleira
O Parque Nacional Viruá está localizado no município de Caracaraí, no centro-sul de Roraima. O Parque abrange uma área de pouco menos de 216 000 hectares e abriga uma impressionante variedade de habitats incluindo campinas abertas, campinaranas, floresta, floresta alta de terra firme e Várzeas que se estende ao longo do Rio Branco. Algumas áreas do parque são acessadas facilmente (É necessária uma autorização IBAMA / ICMBio) da BR-174 ao sul de Caracaraí, onde pode-se chegar a Estrada Perdida. Esta é uma pavimentação de piçarra elevada que foi construída como parte da estrada principal entre Boa Vista e Manaus, foi abandonada durante a construção quando os engenheiros que a construíram perceberam que estavam construindo rumo a um enorme pântano. A estrada se estende por muitos quilômetros até as campinas e campinaranas, mas depois de uma distância curta, os veículos são impedidos pelos primeiros bueiros rompidos por aguas das margens da estrada. Na estação seca, pode-se facilmente ignorar estes obstáculos a pé, mas quando as valas estão cheias na estação úmida, você deve estar preparado para andar na água que pode chegar ao peito altura ou superior. O caminho mais seco é organizar com a equipe do parque (você precisa estar acompanhado por um funcionário do parque durante sua visita) para trazer um pequeno barco inflável para atravessar o primeiro bueiro.
Inúmeros beija-flores podem ser avistados ao longo da estrada e dos arbustos floridos, assim como a choquinha-de-peito-riscado e guaracava-de-topete-vermelho. Há chance também de avistar o anambé-pompador, pretinho e o papa-capim-de-coleira. Saindo um pouco da estrada perdida e caminhando rumo a campinaranas é onde tentamos encontrar o formigueiro-de-yapacana, geralmente em pequenas capoeiras de mata do local.
A estrada de acesso para a sede do parque segue através de campinaranas e areia branca para florestas, aqui a passarinhada é muito boa, já que diversas aves de terra firme são encontradas ao longo da estrada, com destaque para o mutum-poranga e jacamim-de-costa-cinzentas, e alguns formigueiros, há também algumas trilhas mais fechadas que podem ser bem proveitosas para a observação de aves, além de boas chances de avistar outros mamíferos.
Vila do Tepequém
Aves chave: mariquita-de-rabo-vermelho, mariquita-de-perna-clara, picapauzinho-ondulado, japu-verde, gralhas-violácea, tem-tem-de-dragona-vermelha e trombeteiro
Entre os vários destinos para os amantes de aves em Roraima, a Serra do Tepequém é um dos mais interessantes pois possui relevo montanhoso em meio a toda planura do restante do Estado o que resulta no grande número de aves raras que podem ser avistadas por lá. A vila hoje dispõe de uma boa infraestrutura turística para receber seus visitantes, e pouco a pouco vem se especializando em receber observadores de aves. Nas imediações da via é possível ver os belíssimos japu-verde (Psarocolius viridis), gralhas-violáceas (cyanocorax violaceus), o tem-tem-de-dragona-vermelha (tachyphonus phoenicius), algumas mariquitas migratórias como a mariquita-de-rabo-vermelho (Setophaga ruticilla), mariquita-de-perna-clara (Setophaga striata), o picapauzinho-ondulado (Picumnus undulatus), o pula-pula-da-guiana (Myiothlypis mesoleuca), entre tantas outras espécies de sanhaçus, beija-flores, saíras e araras. De fato, é uma boa opção para a observação de aves. A vila fica a aproximadamente 200km de Boa Vista, valendo a pena ao observador aproveitar também a estrada e o deslocamento para tentar alguns bichos como o trombeteiro (Cercibis oxycerca), Pedro-celouro (Sturnela magna), caboclinho-lindo (Sporophila minuta) e uru-do-campo (Colinus cristatus).
Pacaraima
Aves chave: cabeça-de-ouro, tangará-riscado, surucuá-mascarado, saíra-negaça, chororó-escuro
Pacaraima é a cidade fronteiriça brasileira na fronteira com a Venezuela na margem sul da Gran Sabana. Aqui há possibilidades de encontrar algumas áreas de floresta que possivelmente possa aparecer algumas aves endêmicas do pan-tepui. Há algumas áreas bem interessantes na borda com as matas da fazenda Trigenros e a trilha do Miang, esta segunda havendo algumas restrições de visitação por ser área indígena, mas pela falta de controle é possível passarinhar tranquilamente. Este local possui grande umidade e há sempre diversos bichos pelo local, como o cabeça-de-ouro (Ceratopipra erythrocephala), tangará-riscado (Machaeropterus striolatus), surucuá-mascarado (Trogon personatus), saíra-negaça (Tangara punctata), chororó-escuro (Cercomacroides tyrannina) e outros mais, vale a pena explorar o local, pois ainda são poucos os registros da área.
Mucajaí – Base da Serra.
A serra do Apiaú é um local peculiar, com seus 1500 mts de altitude em relação ao nível do mar, o que torna um ambiente de grande diversidade dentro do contexto amazônico. Após recentes descobertas o local vem despertando o interesse por conta de sua fauna e flora. Os especialistas caracterizam a vegetação como uma floresta nebular, rica em musgos, orquídeas e bromélias, que são ocasionadas por conta da humidade absorvida por essa vegetação das nuvens que há rodeiam.
Para o observador de aves a serra é sem dúvida o local que atrai muito interesse, no entanto, é preciso observar a disposição e esforço em alcançar os hotspots para observação. Não se preocupe que nesse dia iremos visitar a parte de baixo da serra em busca de belas aves que aparecem na base da Serra.