Falar da viagem que fiz ao Monte Roraima é como tentar pegar com as mãos um sentimento.

É impossível tocar aquilo que a gente sente, assim como não é possível traduzir em palavras a vivência que experimentei nos oito dias em que fui atrás de um sonho. Nelas não caberia minha gratidão pelos dias de céu aberto e monte limpo (sem nuvens ao seu redor), pelo por do sol encantador que nos esperava no primeiro dia, pelo corre-corre no escuro da madrugada pra ver o sol nascer, pelos banhos frios e reconfortantes, pelo saco de dormir acolhedor, pela comida quentinha aquecendo o estômago, pelos sorrisos, pela mão solidária estendida em um trecho mais difícil, pelas conversas fraternas, pela certeza de novos amigos.

Falar dessa viagem é ter a sensação maravilhosa de ter atravessado um portal para uma outra dimensão, sem a urgência do tempo, sem o consumismo inútil, sem os apelos da vaidade.

Falar dessa viagem é experimentar a sensação de inteireza: você, a natureza, o silêncio, o aqui-e-agora.

Falar dessa viagem é reviver as dificuldades de vencer o último trecho. É se sentir minúscula diante da visão do último portal de entrada, atravessando rumo ao topo entre duas enormes cachoeiras, as “Duas Lágrimas”, que descem do Monte Roraima.

Falar dessa viagem é sentir de novo um gigantesco frio na barriga nesse momento final. A vontade de desistir, o receio de não conseguir.

Falar dessa viagem é lembrar com emoção do momento em que respirei fundo e resolvi enfrentar o medo, tirando da mochila a coragem que depositei lá dentro e materializando uma corrente de amigos que, de mãos dados, me puxaram para o topo do mundo.

Falar dessa viagem é falar da felicidade de ter vencido um desafio.

Falar dessa viagem é falar de SUPERAÇÃO.

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